Os acionistas da maior empresa de bens de consumo do mundo, a P&G, se reúnem nesta terça-feira para votar sobre a entrada de um novo conselheiro, que pode alterar drasticamente o percurso da empresa.
O investidor em questão é o ativista Nelson Peltz, um dos maiores acionistas do conglomerado com 3,3 bilhões de dólares em ações, ou 1,5% do total, através do seu fundo Trian.
Os três maiores investidores institucionais —Glass Lewis, Institutional Shareholder Services e Egan-Jones Ratings —apoiam Peltz enquanto a P&G luta deixar tudo como está.
Os planos de Peltz para a empresa envolvem separar a P&G em três unidades diferentes, para que a empresa tenha um foco em produtos menores e de nicho, com uma reformulação do marketing para agradar um público mais jovem.
“Todas as ações hoje são locais. São os negócios pequenos. É isso o que os millennials querem. Eles querem uma marca com emoção, uma marca que tenha uma história por trás disso, uma marca que traga valor ao meio ambiente ou seja orgânica”, disse Peltz em uma carta aberta aos acionistas da P&G.
Do lado de Peltz está o desastroso desempenho da empresa nos últimos anos. As ações da P&G têm tido uma performance pior do que o índice S&P 500 (que reúne as 500 maiores empresas americanas) nos últimos10 anos.
Nos últimos 12 meses, por exemplo, os papéis da empresa subiram 2,4%, enquanto o S&P 500 teve alta de 18%. A P&G perdeu mercado globalmente em todos os segmentos em que atua em seu último ano fiscal, encerrado em 30 de junho.
No segmento de cuidados com o bebê, um dos principais, o percentual de mercado da P&G caiu para 25%, ante os 30% do ano anterior.
Executivos da empresa afirmam que a P&G aprendeu com erros passados e está se transformando em uma organização mais enxuta. Eles dizem que o futuro da empresa reside nos mesmos fundamentos que a guiaram por 180 anos: grandes marcas como a Pampers e a Gillette com produtos de qualidade.
A companhia é apenas o mais novo alvo de uma pressão crescente de investidores ativistas sobre grandes conglomerados, considerados lentos e incapazes de respondes as necessidades do consumidor do século 21.
Ontem, a GE, cujas ações caíram 25% nos últimos 12 meses, anunciou que o mesmo fundo Trian havia entrado em seu conselho de administração. A Unilever é outro conglomerado cada dia mais pressionado a acelerar o ritmo de crescimento e já virou alvo de uma tentativa de aquisição por parte da Kraft Heinz.
Nesta terça-feira, é a P&G quem decide seu futuro.
Disponível em: exame.abril.com.br