A Caixa vai reduzir o percentual que poderá ser financiado na compra de um imóvel novo de 90% para 80% do valor da propriedade.
As regras vão valer para quem optar pelo financiamento pela tabela SAC (que reduz o valor das prestações ao longo dos anos), a mais utilizada pelo banco público.
A partir de agora, quem quiser comprar um imóvel novo precisará ter 20% do valor para dar de entrada.
Para imóveis usados financiados pela tabela SAC, o percentual de entrada é de 30% desde março do ano passado.
Na tabela Price (em que as parcelas vão aumentando ao longo do tempo; menos procurada pelos interessados na casa própria), a entrada cai de 70% para 60% com recursos da Pró-Cotista e de 80% para 70% na CC FGTS.
Segundo uma pessoa próxima ao banco, a mudança é uma decisão estratégica de segurança e garantia.
João da Rocha Lima Jr., professor titular de “real estate” da USP, sugere que a mudança tenha relação com o desejo de financiar mais imóveis com o mesmo volume de recursos, em meio à escassez de recursos da poupança e do FGTS.
“Com o desemprego, as empresas estão fazendo contribuição menor para o FGTS. A força de aplicação do FGTS na casa própria cai”, diz.
O efeito colateral positivo da medida, no entanto, é reduzir o risco desses empréstimos em um cenário em que o valor dos imóveis não deve subir nos próximos anos.
Em nota, a Caixa diz que “redimensionou as cotas máximas de financiamento para adequação em relação à política de alocação de capital do banco” e que a maioria dos clientes não será impactada pela nova medida.
Cerca de 90% dos empréstimos para a compra da casa própria já financiam 80% ou menos do valor do imóvel, segundo o banco público.
A Caixa detém quase 70% de todo o financiamento imobiliário do país, mas tem enfrentado a concorrência dos grandes bancos, que veem na linha uma alternativa para continuar a conceder empréstimos na crise.
Alguns bancos privados estão reduzindo as taxas de juros dessa linha, na esteira da queda da taxa básica de juros (Selic), hoje em 9,25% ao ano. Já a Caixa sinalizou que não pretende cortar os juros.
O crédito imobiliário é considerado um dos menos arriscados do mercado.
Pró-cotista – Na semana passada, a Caixa obteve orçamento extra de R$ 15 bilhões para financiar imóveis, segundo apurou a reportagem. Porém, o dinheiro não será destinado à linha Pró-Cotista, uma das mais baratas do mercado.
A linha ganhou espaço com o enxugamento dos recursos da poupança, consequência do aumento dos saques nos últimos meses.
Disponível em: www.ibrafi.org.br